Cliente Ingá Negócios é reconhecida e tem seu trabalho como base de resolução de conflitos.

Projeto do TJ fortalece vítima de violência.

Mesmo após três anos de separação, Laura (nome fictício) ainda se intimida com a possibilidade de encontrar o ex-companheiro. Ela é mais uma das mulheres agredidas por aquele que deveria ser protetor, o marido. Mas sua história de tristeza pode tomar novo rumo, graças à 2ª Constelação Familiar, realizada nesta terça-feira (16 de agosto), na sala de audiências da Primeira Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Fórum de Cuiabá.
A utilização da técnica terapêutica com 11 vítimas de violência doméstica faz parte da programação da campanha Justiça pela Paz em Casa, que nesta edição tem como tema ‘Cabeça de Mulher’. O projeto, desenvolvido pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso em parceria com a Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ-MT), tem extenso cronograma de atividades até o dia 20 de agosto.
“Nunca fui feliz no casamento, as mulheres da minha família não têm sorte com os homens”. Com esta frase, Laura iniciou seu relato na constelação. Em lágrimas, ela contou que viveu bem por um tempo com seu parceiro, mas devido à bebedeira dele começaram as brigas e ela decidiu se separar. “Foi muito difícil tomar esta decisão, tínhamos um filho pequeno, de um ano apenas, mas não dava mais. E por não aceitar o fim do relacionamento, depois de um ano e meio morando em casas diferentes, ele me bateu. Não admite que eu continue a vida sem ele, e eu só queria seguir em paz”.
Laura engrossa a lista de mulheres que sofrem violência física e psicológica no Estado, mas está amparada pela Lei nº 11.340, sancionada em 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha. Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em 2015 as Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso instauraram 6.340 inquéritos e concluíram 5.934 dos casos. Enquanto que em 2014, foram 3.932 inquéritos instaurados e 3.162 relatados às Varas de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Poder Judiciário.
O projeto piloto idealizado pelo juiz da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, Jamilson Haddad Campos, com auxílio da orientadora sistêmica Gilmara Thomé, é mais uma metodologia alternativa que contribui, por meio da participação das vítimas, para um resultado efetivo na resolução de conflitos.
“Herdamos dos nossos familiares um patrimônio genético de crenças, hábitos e valores. E nesse ínterim também herdamos conflitos familiares não resolvidos por eles no passado, que podem ser repetidos inconscientemente, o que causa grande sofrimento aos descendentes. A constelação familiar oferece a possibilidade de solucionar estas questões no momento presente, num curto espaço de tempo”, destaca o magistrado.
Segundo a orientadora, o atendimento de constelação em grupo ocorre quando alguém, neste caso a vítima, se dispõe a contar o conflito e identificar a origem do mesmo, por meio da representação visual da situação enfrentada. “Quando o conflito é reproduzido, não só a pessoa que o vive enxerga uma saída, mas também aqueles que assistem. Todos aprendem a lidar com a questão, e a grande maioria percebe que está reprisando brigas que não são deles, mas de antepassados. A forma de nos relacionarmos com nossos parceiros também é reflexo desse aprendizado familiar, a exemplo das relações amorosas nocivas. O que mostramos aos constelados é que apesar dessa carga recebida, qualquer pessoa pode fazer diferente, viver uma nova realidade de paz e serenidade”.
‘Luz no fim do túnel’ que Laura afirma ter vislumbrado com a iniciativa de Abordagem Sistêmica – Constelação Familiar. “Agora me sinto mais forte e tranquila, porque entendi certas atitudes que tomei e o motivo das minhas reações diante do problema. Vou buscar melhorar como ser humano. Mudarei meu destino, já que compreendi que qualquer pessoa pode ser feliz, basta buscar essa mudança dentro de si mesmo, estou feliz de a constelação ter me aberto essa nova porta”.
Origem – A ciência de constelação sistêmica surgiu na Alemanha graças aos estudos do filósofo e psicoterapeuta Bert Hellinger, que observou o impacto da herança do DNA nos conflitos familiares e usou a ferramenta como recurso para a solução desses conflitos. As abordagens chegaram até o Judiciário brasileiro há 10 anos, por intermédio do juiz de Direito da Bahia Sami Storch, que também é constelador e aplica a metodologia em audiências na 2ª Vara Cível de Valença, onde atua.

Fonte: Folhamax

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